Outros tempos

"O maior defeito dos livros novos é impedir a leitura dos antigos." (Joseph Joubert)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa

Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa : histórias, figuras, usos e costumes / Mário Costa


AUTOR(ES): Costa, Mário
PUBLICAÇÃO: [S.l. : s.n., 1950] ( Lisboa : -- Tip. C. M. de Lisboa)

Prefácio do arqueólogo Augusto Vieira da Silva


Uma História das Feiras Periódicas e das Feiras episódicas de Lisboa: Feira da Luz, Feira da Ladra, Feira do Lumiar, Feira das Amoreiras, Feira de Alcântara, Feira Popular de Palhavã, Feira do Parque Mayer e muitas mais, a maior parte apenas memória.




Augusto Vieira da Silva


Augusto Vieira da Silva dedicou a sua vida ao estudo de Lisboa. A sua obra revela-o como um investigador que contribuiu de modo ímpar para os estudos olisiponenses. Todavia não seria apenas à investigação nesta matéria que Vieira da Silva dedicaria o seu tempo. A sua biblioteca, espólio actualmente preservado no GEO, revela o seu interesse bibliófilo por qualquer publicação que referisse Lisboa. Na verdade, foi esse conjunto documental que deu início ao Gabinete de Estudos Olisiponenses.


O mestre olisipógrafo nasceu em 10 de Setembro de 1869, na Rua da Atalaia, em pleno Bairro Alto, bem no centro de Lisboa, cidade que seria a paixão da sua vida. Augusto Vieira da Silva fez os estudos secundários na Escola Académica, uma das escolas mais modernas de Lisboa à data. Em seguida, já na escola Politécnica recebe vários prémios pecuniários e de louvor. Realiza o curso de Engenharia Militar entre 1890 e 1893 na Escola do Exército, onde também é premiado pelo seu desempenho escolar. Em 1893, é nomeado alferes do Regimento de Engenharia e em 1895 ascende ao posto de Tenente. A carreira militar de Vieira da Silva progride, prestando vários serviços e sendo colocado em diversos cargos, chegando a ser nomeado, em 1909 Oficial da Real Ordem Militar de São Bento de Aviz por D. Manuel II. Com a instituição da República em 1910 Vieira da Silva não perde o seu lugar na carreira militar, mas abdica de fazer carreira activa. No entanto vai progredindo na carreira de oficial graduado, chegando ao posto de Coronel graduado em 1920.


Vieira da Silva inicia a sua monumental obra olisipográfica com um pequeno estudo sobre o Castelo de S. Jorge, publicado na Revista de Engenharia Militar, em 1898. Desde essa data até ao fim dos seus dias, Vieira da Silva publicará uma vasta obra, constituída por várias monografias e artigos em periódicos, sobre o seu tema de eleição, a olisipografia. A grande maioria das suas obras foi publicada pela Câmara Municipal de Lisboa.


É o próprio Vieira da Silva que reconhece, no prefácio da segunda edição de O Castelo de S. Jorge (1937), que o seu interesse pela olisipografia foi despertado pela obra do mestre Júlio de Castilho: “Quando após a conclusão do meu curso, em 1893, iam aparecendo os sucessivos volumes da Lisboa Antiga, do sempre saudoso mestre Visconde de Castilho, eu ia-os lendo avidamente, e deleitando-me com o conhecimento do que havia sido a nossa capital, tão brilhantemente exposto, e tão encantadoramente evocado. Foi assim que nasceu e se afervorou o meu interesse e a minha paixão pela cidade que foi meu berço.”.


Após a publicação, em 1898, da primeira edição de O Castelo de S. Jorge, uma pequena monografia que seria posteriormente revista e largamente ampliada na segunda edição de 1937, Vieira da Silva escreve algumas monografias sobre as obras de defesa de Lisboa que se revelariam fundamentais para o estudo da cidade: A Cerca Moura de Lisboa (1899); As Muralhas da Ribeira de Lisboa (1900). Segue-se, até 1937, um longo hiato na sua publicação de monografias, todavia, neste período, é extensa a sua contribuição com artigos para periódicos da época como: O Arqueólogo Português; Revista de Arte e Arqueologia; Anais das Bibliotecas, Museus e Arquivo Histórico Municipais; Revista de Obras Públicas e Minas; Arqueologia e História; Elucidário Nobiliárquico.


Entre 1937 e 1949, o olisipógrafo reedita, refunde, e amplia as suas obras monográficas: O Castelo de S. Jorge (1937); A Cerca Moura de Lisboa – Estudo histórico e descritivo (1939); As Muralhas da Ribeira de Lisboa (1940). Em 1948 e 1949 publica finalmente os dois volumes de A Cerca Fernandina.


A obra de Vieira da Silva estende-se por inúmeros artigos em publicações camarárias e não só, e trata diversos assuntos, como aspectos sociais, evolução demográfica, história de edifícios relevantes, mas sobretudo a evolução territorial e a iconografia de Lisboa.


Ao longo da sua vida, Vieira da Silva vai coleccionando material olisiponense em vários tipos de suporte: bibliográfico, cartográfico, iconográfico e outros tipos não facilmente classificáveis. Deste modo, a sua casa no nº 115 da Rua da Lapa, torna-se num vasto repositório olisiponense. O mestre será o 1º presidente do Grupo “Amigos de Lisboa”, associação cultural ainda em actividade. Em 1943 é reconhecido com o prémio “Júlio de Castilho” pela obra Os Paços dos Duques de Bragança em Lisboa, e no mesmo ano ingressa na Comissão Municipal de Toponímia.


Manuel Fialho Silva


Em Gabinete de Estudos Olisiponenses. Em linha.

Disponível em http://geo.cm-lisboa.pt/index.php?id=4247

domingo, 24 de janeiro de 2010

Vida e obra do Infante D. Henrique / Vitorino Nemésio


AUTOR: Nemésio, Vitorino, 1901-1978

PUBLICAÇÃO: Lisboa : Com. Executiva das Comemoraçöes do Quinto Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1959

Este livro faz parte duma colecção - COLECÇÃO HENRIQUINA - publicada no âmbito das comemorações do 5º centenário da morte do Infante D.Henrique.


_____________________________________________

Texto do Decreto de 1960 que considera feriado nacional o dia 4 de Março desse ano, em que serão inauguradas as comemorações do 5.º centenário da morte do infante D. Henrique.



" Decreto-Lei n.º 42837

Está o Governo empenhado em assegurar que as comemorações do 5.º centenário da morte do infante D.Henrique correspondam à elevada finalidade com que têm sido preparadas: evocar a figura, a vida e a obra do Navegador; através dessa evocação, lembrar os grandes passos da gesta dos Descobrimentos e da acção civilizadora dos Portugueses.
Espera-se, ao mesmo tempo, que dos principais actos comemorativos resultem lições plenamente actuais, geradoras de confiança no esforço criador e na capacidade de acção do povo português, bem como na sua aptidão para enfrentar os problemas que nesta hora se lhe apresentam.
Conforme foi oportunamente divulgado, as comemorações terão o seu início em 4 de Março do corrente ano, através de cerimónias de carácter religioso, a celebrar nas sés episcopais e igrejas matrizes, e de sessões cívicas, promovidas em todos os concelhos pelas respectivas câmaras municipais.
Para que o maior número de portugueses possa tomar parte nessas solenidades, em todos os territórios do continente, das ilhas e do ultramar, resolveu o Governo considerar feriado nacional o dia da inauguração das comemorações.
Reconhece-se, ao mesmo tempo, deverem estas adoptar um símbolo adequado, ou seja uma bandeira que sintetize expressivamente as ideias mestras inspiradoras da obra do infante. Ora a signa que melhor representa a grande empresa dos Descobrimentos é, sem dúvida, a usada pela Ordem de Cristo, de que o infante foi regedor e governador. Está, pois, indicado que seja esse o símbolo por excelência das comemorações henriquinas. Dos vários desenhos da cruz de Cristo legados pela nossa história, escolheu-se o da cruz firmada, por corresponder à melhor estilização heráldica das bandeiras da marinharia cartográfica e por dar melhor projecção visual, quando arvorada.

Nestes termos:
Usando da faculdade conferida pela 1.ª parte do n.º 2.º do artigo 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:
Artigo 1.º É considerado feriado nacional o dia 4 de Março do corrente ano, em que serão inauguradas as comemorações do 5.º centenário da morte do infante D. Henrique.
Art. 2.º Será adoptada como bandeira oficial das comemorações a bandeira da cruz de Cristo, cujo modelo e descrição são publicados em anexo a este decreto-lei.
Publique-se e cumpra-se como nele se contém.


Paços do Governo da República, 9 de Fevereiro de 1960. - AMÉRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ - António de Oliveira Salazar - Pedro Theotónio Pereira - Júlio Carlos Alves Dias Botelho Moniz - Arnaldo Schulz - João de Matos Antunes Varela - António Manuel Pinto Barbosa - Afonso Magalhães de Almeida Fernandes - Fernando Quintanilha Mendonça Dias - Marcello Gonçalves Nunes Duarte Mathias - Eduardo de Arantes e Oliveira - Vasco Lopes Alves - Francisco de Paula Leite Pinto - José do Nascimento Ferreira Dias Júnior - Carlos Gomes da Silva Ribeiro - Henrique Veiga de Macedo - Henrique de Miranda Vasconcelos Martins de Carvalho. "

O sábio que sabia tudo

O sábio que sabia tudo e outras histórias / José Neves de Lemos

AUTOR(ES): Lemos, José de, 1910-1995
PUBLICAÇÃO: Lisboa : ática, 1957

domingo, 17 de janeiro de 2010

Futebol de A a Z

Futebol de A a Z

PUBLICAÇÃO: Lisboa : Dir. Geral Desportos, [D.L. 1976]
Textos de Carlos Pinhão


Carlos Pinhão

Educação estética e ensino escolar


Educação estética e ensino escolar
AUTORES: Santos, João dos; Skapinakis, Nikias; Rebelo, Luís Francisco; Portas, Nuno; Branco, João de Freitas; Grácio, Rui.
Prefácio: Delfim Santos
PUBLICAÇÃO: Europa-América, Lisboa 1966

João dos Santos
Nikias Skapinakis
Luís Francisco Rebelo
Nuno Portas
João de Freitas Branco
Rui Grácio
Delfim Santos

Este livro reune um conjunto de conferências de diversos autores considerados autoridades em matéria de educação e arte, proferidas em 1957, numa iniciativa da Juventude Musical Portuguesa em colaboração com a Sociedade Nacional de Belas-Artes, na sequência da criação no ano anterior da Associação Portuguesa de Educação pela Arte..
Delfim Santos diz no Prefácio deste livro: " ...estes estudos têm o incontestável mérito de chamar a atenção para a exigência de remodelação do nosso ensino em termos de respeito pela evolução estética da criança e sua significação para o ensino escolar, isto é, da correlação entre a sensibilidade, a inteleigência e a imaginação."

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

L'Art Populaire au Portugal


L'art populaire au Portugal
AUTORES: Chaves, Luís. il. Tom (1906-1990)
PUBLICAÇÃO: SECRETARIADO NACIONAL DE PROPAGANDA. Lisboa. 1940


Tom

"D. Thomaz de Mello nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1906. Morreu em 1990, em Lisboa.
Ficou conhecido como Tom, abreviatura que herdou do seu avô, de origem inglesa. Artista multifacetado, explora diferentes áreas que vão desde a pintura ao desenho, passando pela decoração, a caricatura, a tapeçaria, o design, o grafismo de cartazes, a cerâmica e a encadernação.
Chega a Portugal em 1926, pela mão da companhia de teatro brasileira de Leopoldo Fróis, na qual trabalhava como contra-regra e aderecista. O fascínio pelo teatro começou cedo, cerca dos 14 anos de idade, enquanto aprendiz e ajudante de cenografia no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Posteriormente, em conjunto com Mário Tullio e J. Barros, constrói carros carnavalescos.
O interesse pela imprensa aparece igualmente desde cedo, sendo que o seu avô D. Thomaz José Fletcher de Mello Homem, escritor de profissão, possuía em Lisboa a Agência Universal de Anúncios, uma das primeiras agências de publicidade. Vendeu jornais em 1915, e trabalhou como tipógrafo em 1916.
A viragem para as artes plásticas dá-se logo no ano seguinte à sua chegada a Lisboa, em 1927, quando o caricaturista Ruben Trinas, mais conhecido como Fox, o convida a realizar uma exposição.
Enquanto caricaturista trabalha na Voz, para a qual executa a série Tiroliro, e para o Diário da Manhã, realizando o Rico, Pico e Sarapico nos anos 20. Na década seguinte colabora com o Papagaio. A sua obra, nesta área, caracteriza-se pela falta de perspectiva, pela síntese das figuras, por um desenho algo “infantil”, mas seguramente por uma grande expressividade no traço, algo bizarro, segundo a crítica da época. Constituiu-se como um caso exemplar de uma individualidade dotada de grande eclectismo, apesar de ser integrado na chamada “segunda geração de modernistas”. Participa activamente, desde 1928, em salões do SPN/SNI e nas equipas de decoradores enviadas às grandes exposições no estrangeiro, chegando a obter o “Grande Prémio de Decoração e de Artesanato”, na Exposição de Artes e Técnicas de Paris, em 1937, e vindo a receber, em 1945, o “Prémio Francisco de Holanda”.
Tanto no desenho (outra área de destaque na sua obra), como na pintura (que era encarada como um hobby), Tom demonstra sensibilidade etnográfica, retratando vários costumes e tipos populares. René Barotte afirmará que Tom é “um pintor da miséria”, transpondo para as suas obras o sofrimento humano e o sentimentalismo típico português; e Artur Augusto afirma que de todos os pintores do seu tempo é aquele que melhor interpreta a alma dessa colectividade quase infantil à qual se chama “povo”.
Dentro da mesma procura, numa atitude quase arquivista e claramente de anotação, retrata algumas regiões de Portugal. Destaca-se a série Nazaré, na qual mais do que a paisagem, é a realidade humana que o atrai, transparecendo nos leitmotiven dos frisos das barcas e dos batéis, das mulheres de capote, dos pescadores de pé descalço à espera do peixe, ou ainda da lenda do milagre de D. Fuas Roupinho, um sentimento que leva António Lopes Ribeiro a intitular estas obras como verdadeiras “cartas de amor”. E, principalmente, a série Feitiço, surgida de uma viagem a Angola, onde identifica alguns elementos próximos do seu Brasil. Sofre o choque de um confronto com um imaginário que o levou a realizar um processo novo, em que a cor adquire uma importância extrema, levando-o, por vezes, a composições quase abstractas e muito expressivas, nas quais se afasta do rigor do desenho geométrico para se permitir uma maior liberdade de execução.
Fascinado pela topografia, desenvolve um apontamento de uma geografia sentida, representando nas suas obras cidades como Lisboa, Ruão, Nova Iorque e, muito particularmente, o Porto. Lima de Carvalho chega a afirmar que se Carlos Botelho era o pintor de Lisboa, Tom seria o seu equivalente em relação ao Porto. Pintando a esquina de uma rua, as envelhecidas varandas ou as traseiras dos prédios com as suas inconfundíveis sacadas, consegue, em todas elas, captar a essencialidade que as caracteriza, através de uma composição animada por um cromatismo emotivo, que muito deve às leis da geometria com as quais muitas vezes brinca."
Carla Mendes in, Centro de Arte Moderna - José de Azevedo Perdigão

A pequena princesa

A pequena princesa / Frances Burnett ; versão portuguesa de Maria Lamas

AUTOR(ES): Burnett, Frances, 1849-1924; Lamas, Maria, 1893-1983, trad.
PUBLICAÇÃO: Lisboa : Progresso, [19--]






Frances Burnett

Escritora inglesa, Frances Eliza Hodgson nasceu a 24 de Novembro de 1849, em Cheetham Hill, nas cercanias da cidade de Manchester. O pai faleceu quando Frances contava apenas três anos de idade. Acompanhou a restante família na sua emigração, ocorrida em 1865, para os Estados Unidos. Estabelecida em New Market, nas proximidades de Knoxville, no estado do Tennesse, a família viu gorada a promessa de apoio material pronunciada por um tio materno, pelo que passou a depender dos ganhos dos dois irmãos de Frances.
Começaram por viver numa cabana de madeira, e Frances, então com dezasseis anos de idade, teve a ideia de aí montar uma escola. Os seus oito alunos pagavam-lhe em géneros alimentícios. Aos dezoito anos passou uma temporada a fazer vindimas, com o intuito de juntar a quantia necessária para poder comprar o papel e os selos necessários ao envio de um conto à redacção de uma publicação feminina, que o aceitou.
Continuou então a escrever, aparecendo com uma certa regularidade em revistas conceituadas. Em 1873, e após uma visita a Inglaterra que durou um ano, Frances casou com um médico norte-americano.
Em 1877 publicou o seu primeiro livro, o romance That Lass o'Lowrie's, que havia aparecido previamente em episódios numa revista literária. Descrevendo com precisão realista a vida da classe operária inglesa, Frances Hodgson Burnett estabelecia uma trama repleta de trejeitos românticos quase inverosímeis.


Pouco tempo depois mudou-se com o marido para a cidade de Washington, onde prosseguiu a sua carreira literária, publicando obras como Haworth's (1879), Louisiana (1880), A Fair Barbarian (1881) e Through One Administration (1883).
Em 1886 publicou o seu romance mais conhecido, Little Lord Fauntleroy que, primeiramente vocacionado para o público infantil, acabou por fazer as delícias de muitas mães, pelo modelo filial que apresentava. Permanecendo no entanto no âmbito da literatura infantil, Burnett foi produzindo mais obras, das quais se destacam The Little Princess (1905) e The Secret Garden (1909).
Tendo-se divorciado em 1898, Frances Hodgson Burnett passou a repartir o seu tempo entre a Inglaterra e os Estados Unidos, onde veio a falecer a 29 de Outubro de 1924.

Frances Hodgson Burnett. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-01-06].
Disponível em http://www.infopedia.pt/$frances-hodgson-burnett

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Contos, fábulas, facécias e exemplos da tradição popular portuguesa

Contos, fábulas, facécias e exemplos da tradição popular portuguesa


AUTOR(ES): Osório, Ana de Castro, 1872-1935
PUBLICAÇÃO: Lisboa : Soc. de Expansão Cultural, [D.L. 1962]

Facécias
Dito ou acto jocoso que pode ter utilização literária e constituir um género próprio da literatura de tom satírico ou cómico. Uma facécia é, normalmente, uma graça com forte pendor crítico, podendo ser comparada à tradição das cantigas de escárnio e mal dizer da lírica galego-portuguesa



Carlos Ceia, s.v. "Verbete", E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, (Consult. 5-01-2010)

Facécias são histórias que o povo conta, ingénuas, engraçadas, às vezes cruéis. Nelas aparecem intrigas, jeitinhos, absurdos, vontade de justiça, muitas vezes preconceitos.


In Wook. Porto Editora.

Bartolomeu Marinheiro

Bartolomeu Marinheiro : versos / Afonso Lopes Vieira ; decorações de João Carlos

AUTOR(ES): Vieira, Afonso Lopes, 1878-1946; Carlos, João, 1935-1960, il.
PUBLICAÇÃO: Lisboa : Bertrand, 1955

Afonso Lopes Vieira

Afonso Lopes Vieira (1878-1946) nasceu em Leiria, indo viver para Lisboa com a família. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, exercendo funções de redactor da Câmara dos Deputados. Repartia o seu tempo entre Lisboa e S. Pedro de Moel, Leiria – no Inverno em Lisboa, nos meses mais aprazíveis em S. Pedro – , onde recebia vários amigos, também escritores. Viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, norte de África e Brasil. Esteve ligado à Renascença Portuguesa, sendo um dos principais representantes do Neogarrettismo. A Biblioteca Municipal de Leiria, designada como Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, teve a sua origem na doação do espólio e livraria privada do escritor à cidade natal.



Algumas das suas obras: Para quê? (1897), Náufragos, Versos Lusitanos (1898), O Meu Adeus (1900), O Encoberto (1905), Canções do Vento e do Sol (1911), Animais, Nossos Amigos (1911; ilustrações de Raul Lino), Bartolomeu Marinheiro (1912; ilustrações de Raul Lino), Arte Portuguesa (1916), Ilhas de Bruma (1917), País Lilás, Desterro Azul (1922), Onde a Terra Acaba e o Mar Começa (1940), etc.


Afonso Lopes Vieira. Projecto Vercial. [Em linha][Consult. em 5-01-2010]. Disponível em http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/lvieira.htm


João Carlos Celestino Gomes, nascido em Ìlhavo em 5 de Outubro de 1899, foi ilustrador, pintor, escritor de novelas, poeta e médico. Na qualidade de poeta e escritor assinava João Carlos; como desenhador e pintor, Celestino Gomes.

Dá os primeiros sinais do seu talento quando, aos 12 anos de idade, como aluno do liceu José Estevão em Aveiro, cria, redige e ilustra o jornal da sua turma. Aos 15 já trabalha profissionalmente no jornal ilhavense O Nauta, sob o pseudónimo Carlos Doherty. No ano seguinte, aos 16, escreve, encena e representa a peça In Hoc Signo, no Teatro da Vista Alegre, contracenando com colegas seus de liceu. Faz a sua primeira exposição em 1917 no Clube dos Novos, exibindo sobretudo retratos.
Enquanto prossegue os seus estudos de medicina no Porto, funda duas publicações: a revista literária Humus, e na sua terra natal é fundador e director do jornal Beira-Mar. É também co-fundador da agremiação cultural Pléiade Ilhavense. Dá-se com alguns dos grandes artistas da sua época, nomeadamente com o pintor retratista Henrique Medina.
Aprofunda os seus conhecimentos de técnicas como a xilogravura, a pintura a guache, aguarela e a óleo. Seguindo esta última técnica, realiza grandes telas como Retrato da Mulher do Artista, A Promessa, e Auto-Retrato.
É em 1927 que termina o seu curso de medicina, com a tese A Fisionomia da Morte. Inicia a sua carreira de médico primeiro como médico municipal de Aldeia Galega, indo depois para Montijo, Santarém, e finalmente Lisboa.
Ilustra várias obras de educação sanitária, e notabiliza-se na luta contra as doenças pulmonares, causa a que nunca deixa de se dedicar ao longo da sua vida.
Em 1935 realiza uma grande mostra dos seus trabalhos na Casa de Portugal, em Paris.
Em 1940 faz ilustrações para obras de seus amigos, como As Cantigas de Toy, de António Homem de Mello; e Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa, de Afonso Lopes Vieira, que considerava essa capa a sua favorita pessoal. Em 1941, durante umas férias na casa de praia de seu amigo António Madureira, faz o desenho a lápis Varina, tendo a sua mulher como modelo. Em 1942 faz 14 nanquins para Os Caminhos de Sangue. Ao longo da década de 40 faz várias ilustrações para livros de medicina, bem como nanquins/guaches artísticos, tais como S. João Baptista, Banho de Sol (1941), Noiva ao Espelho (1947), Severa (1943) entre outros.
Em 1946 escreve aquele vem a ser o seu último romance: A Estrada de Fogo. Daí em diante dedica-se a livros de medicina, tais como Esta Vida são Dois Dias/Conselhos para a Poupar (1949), O Homem Quer Viver Mais (1950), A Doença e os Doentes (1956), etc. É em 1949 que dá início à sua actividade como colaborador permanente no Diário de Notícias com a rubrica É Bom Poupar a Saúde, e em 1958 na R.T.P. com o Haja Saúde.
Escreve as suas memórias, Borda da Água, e ao longo da década de 50 prossegue a sua carreira de pintor, com telas de grandes dimensões, como A Ceia (1951) que adorna o refeitório do Seminário dos Olivais. Realiza 3 grandes exposições no S.N.I., na Galeria Babel em Lisboa, e no Coliseu do Porto.
No ano da sua morte, 1960, criou os nanquins D. João II, A Raposa Matreira, A Companheira, e O Gladiador Vencido. Exprime como último desejo ser enterrado na sua terra de origem. Esta homenageou-o dando o seu nome à Escola Secundária, que passou a chamar-se Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes.


João Carlos Celestino Gomes. Em linha.[Consult. em 5-01-2010]. Disponível em http://artistasportugueses.blogspot.com/2009/03/joao-carlos-celestino-gomes-1899-1960.html