Outros tempos

"O maior defeito dos livros novos é impedir a leitura dos antigos." (Joseph Joubert)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Conto de Amadis de Portugal

Afonso Lopes Vieira


O conto de Amadis de Portugal : para os rapazes portugueses / Afonso Lopes Vieira ; des. Lino António


AUTOR(ES): Vieira, Afonso Lopes, 1878-1946; António, Lino, 1898-1974, il.
PUBLICAÇÃO: Lisboa : Bertrand, [195-]
Ficha de recensão crítica - F. Calouste Gulbenkian



Afonso Lopes Vieira (Leiria, 1878 [1] - Lisboa, 1946) foi um poeta português.

Frequentou a Universidade de Coimbra onde obteve o grau de bacharel em Direito. Radicou-se em Lisboa, exercendo durante dezasseis anos as funções de redactor na Câmara dos Deputados (1900-1916). Notabilizou-se pela sua carreira literária, a que se passou a dedicar exclusivamente em 1916.

Durante a juventude, participou na redacção de alguns jornais manuscritos, de que são exemplos A Vespa e O Estudante . Com a publicação do livro Para Quê? (1897) marca a sua estreia poética, iniciando um período de intensa actividade literária — Ar Livre (1906), O Pão e as Rosas (1908), Canções do Vento e do Sol (1911), Poesias sobre as "Cenas Infantis" de Shumann (1915), Ilhas de Bruma (1917), País Lilás, Desterro Azul (1922) — encerrando a sua actividade poética, assim julgava, com a antologia Versos de Afonso Lopes Vieira (1927). A obra poética culmina com o inovador e epigonal livro Onde a terra se acaba e o mar começa (1940).

O carácter activo e multifacetado do escritor tem expressão na sua colaboração em A Campanha Vicentina, na multiplicação de conferências em nome dos valores artísticos e culturais nacionais, recolhidas nos volumes Em demanda do Graal (1922) e Nova demanda do Graal (1942). A sua acção não se encerra, porém, aqui, sendo de considerar a dedicação à causa infantil, iniciada com Animais Nossos Amigos (1911), um filme infantil O Afilhado de Santo António (1928), entre outros. Por fim, assinale-se a sua demarcação face à ideologia salazarista expressa no texto Éclogas de Agora (1935).

Cidadão do mundo, Afonso Lopes Vieira não esqueceu as suas origens, conservando as imagens de uma Leiria de paisagem bucólica e romântica, rodeada de maciços verdejantes plantados de vinhedos e rasgados pelo rio Lis, mas, sobretudo, de São Pedro de Moel, paisagem de eleição do escritor, enquanto inspiração e génese da sua obra. O Mar e o Pinhal são os principais motivos da sua poética.

Nestas paisagens o poeta confessa sentir-se «[…] mais em família com o chão e com a gente», evidenciando no seu tratamento uma apetência para motivos líricos populares e nacionais. Essencialmente panteísta, leu e fixou as gentes, as crenças, os costumes, e as paisagens de uma Estremadura que interpretou como «o coração de Portugal, onde o próprio chão, o das praias, da floresta, da planície ou das serras, exala o fluido evocador da história pátria; província heróica, povoada de mosteiros e castelos…» (Nova demanda do Graal, 1942: 65).

Actualmente a Biblioteca Municipal em Leiria tem o seu nome. A sua casa de São Pedro de Moel foi transformada em Museu. Lopes Vieira é considerado um eminente poeta, um dos primeiros representantes do Neogarretismo e esteve ligado à corrente conhecida como Renascença Portuguesa.

Obra

Para quê? (1898) , Náufrago-versos lusitanos (1899) Auto da Sebenta (1900) Elegia da Cabra (1900) Meu Adeus (1900) Ar Livre (1901) O Poeta Saudade (1903) Marques - História de um Peregrino (1904) Poesias Escolhidas (1905) O Encoberto (1905) O Pão e as Rosas (1910) Gil Vicente-Monólogo do Vaqueiro (1910) O Povo e os Poetas Portugueses (1911) Rosas Bravas (1911) Auto da Barca do Inferno (adaptação) (1911) Os Animais Nossos Amigos (1911) Canções do Vento e do Sol (1912) Bartolomeu Marinheiro (1912) Canto Infantil (1913) O Soneto dos Tûmulos (1913) Inês de Castro na Poesia e na Lenda (1914) A Campanha Vicentina (1914) A Poesia dos Painéis de S.Vicente (1915) Poesias sobre as Cenas de Schumann 1916) Autos de Gil Vicente (1917) Canções de Saudade e de Amor (1917) Ilhas de Bruma (1918) Cancioneiro de Coimbra (1920) Crisfal (1920) Cantos Portugueses (1922) Em Demanda do Graal (l922) País Lilás, Desterro Azul (1922) O Romance de Amadis (1923) Da Reintegração dos Primitivos Portugueses (1924) Diana (1925) Ao Soldado Desconhecido (1925) Os Versos de Afonso Lopes Vieira (1928) Os Lusíadas (1929) O Poema do Cid (tradução) (1930) O livro do Amor de João de Deus (1930) Fátima (1931) Poema da Oratória de Rui Coelho (1931) Animais Nossos Amigos (1932) Santo António (1932) Lírica de Camões (1932) Relatório e Contas da Minha Viagem a Angola (1935) Églogas de Agora (livro proibido até 25 de abril de 1974) (1937) Ao Povo de Lisboa (1938) O Conto de Amadis de Portugal (1940) Poesias de Francisco Rodrigues Lobo (1940) A Paixão de Pedro o Cru (1940) Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa (1940) O Carácter de Camões (1941) Cartas de Soror Mariana (tradução) (1942) Nova Demanda do Graal (1947) Branca Flor e Frei Malandro (1947)

 
Afonso Lopes Vieira. In Wikipedia (em linha) [Consult. 9-02-2010]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Lopes_Vieira

Uma faceta sua pouco conhecida foi o interesse pelo cinema: realizou um pequeno filme com crianças (O Afilhado de Santo António) e encarregou-se dos diálogos de Camões e Inês de Castro, de Leitão de Barros, e de Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro.

http://cvc.instituto-camoes.pt/efemerides/2003/01/janeiro26.html




Sem comentários:

Enviar um comentário