Outros tempos

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa

Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa : histórias, figuras, usos e costumes / Mário Costa


AUTOR(ES): Costa, Mário
PUBLICAÇÃO: [S.l. : s.n., 1950] ( Lisboa : -- Tip. C. M. de Lisboa)

Prefácio do arqueólogo Augusto Vieira da Silva


Uma História das Feiras Periódicas e das Feiras episódicas de Lisboa: Feira da Luz, Feira da Ladra, Feira do Lumiar, Feira das Amoreiras, Feira de Alcântara, Feira Popular de Palhavã, Feira do Parque Mayer e muitas mais, a maior parte apenas memória.




Augusto Vieira da Silva


Augusto Vieira da Silva dedicou a sua vida ao estudo de Lisboa. A sua obra revela-o como um investigador que contribuiu de modo ímpar para os estudos olisiponenses. Todavia não seria apenas à investigação nesta matéria que Vieira da Silva dedicaria o seu tempo. A sua biblioteca, espólio actualmente preservado no GEO, revela o seu interesse bibliófilo por qualquer publicação que referisse Lisboa. Na verdade, foi esse conjunto documental que deu início ao Gabinete de Estudos Olisiponenses.


O mestre olisipógrafo nasceu em 10 de Setembro de 1869, na Rua da Atalaia, em pleno Bairro Alto, bem no centro de Lisboa, cidade que seria a paixão da sua vida. Augusto Vieira da Silva fez os estudos secundários na Escola Académica, uma das escolas mais modernas de Lisboa à data. Em seguida, já na escola Politécnica recebe vários prémios pecuniários e de louvor. Realiza o curso de Engenharia Militar entre 1890 e 1893 na Escola do Exército, onde também é premiado pelo seu desempenho escolar. Em 1893, é nomeado alferes do Regimento de Engenharia e em 1895 ascende ao posto de Tenente. A carreira militar de Vieira da Silva progride, prestando vários serviços e sendo colocado em diversos cargos, chegando a ser nomeado, em 1909 Oficial da Real Ordem Militar de São Bento de Aviz por D. Manuel II. Com a instituição da República em 1910 Vieira da Silva não perde o seu lugar na carreira militar, mas abdica de fazer carreira activa. No entanto vai progredindo na carreira de oficial graduado, chegando ao posto de Coronel graduado em 1920.


Vieira da Silva inicia a sua monumental obra olisipográfica com um pequeno estudo sobre o Castelo de S. Jorge, publicado na Revista de Engenharia Militar, em 1898. Desde essa data até ao fim dos seus dias, Vieira da Silva publicará uma vasta obra, constituída por várias monografias e artigos em periódicos, sobre o seu tema de eleição, a olisipografia. A grande maioria das suas obras foi publicada pela Câmara Municipal de Lisboa.


É o próprio Vieira da Silva que reconhece, no prefácio da segunda edição de O Castelo de S. Jorge (1937), que o seu interesse pela olisipografia foi despertado pela obra do mestre Júlio de Castilho: “Quando após a conclusão do meu curso, em 1893, iam aparecendo os sucessivos volumes da Lisboa Antiga, do sempre saudoso mestre Visconde de Castilho, eu ia-os lendo avidamente, e deleitando-me com o conhecimento do que havia sido a nossa capital, tão brilhantemente exposto, e tão encantadoramente evocado. Foi assim que nasceu e se afervorou o meu interesse e a minha paixão pela cidade que foi meu berço.”.


Após a publicação, em 1898, da primeira edição de O Castelo de S. Jorge, uma pequena monografia que seria posteriormente revista e largamente ampliada na segunda edição de 1937, Vieira da Silva escreve algumas monografias sobre as obras de defesa de Lisboa que se revelariam fundamentais para o estudo da cidade: A Cerca Moura de Lisboa (1899); As Muralhas da Ribeira de Lisboa (1900). Segue-se, até 1937, um longo hiato na sua publicação de monografias, todavia, neste período, é extensa a sua contribuição com artigos para periódicos da época como: O Arqueólogo Português; Revista de Arte e Arqueologia; Anais das Bibliotecas, Museus e Arquivo Histórico Municipais; Revista de Obras Públicas e Minas; Arqueologia e História; Elucidário Nobiliárquico.


Entre 1937 e 1949, o olisipógrafo reedita, refunde, e amplia as suas obras monográficas: O Castelo de S. Jorge (1937); A Cerca Moura de Lisboa – Estudo histórico e descritivo (1939); As Muralhas da Ribeira de Lisboa (1940). Em 1948 e 1949 publica finalmente os dois volumes de A Cerca Fernandina.


A obra de Vieira da Silva estende-se por inúmeros artigos em publicações camarárias e não só, e trata diversos assuntos, como aspectos sociais, evolução demográfica, história de edifícios relevantes, mas sobretudo a evolução territorial e a iconografia de Lisboa.


Ao longo da sua vida, Vieira da Silva vai coleccionando material olisiponense em vários tipos de suporte: bibliográfico, cartográfico, iconográfico e outros tipos não facilmente classificáveis. Deste modo, a sua casa no nº 115 da Rua da Lapa, torna-se num vasto repositório olisiponense. O mestre será o 1º presidente do Grupo “Amigos de Lisboa”, associação cultural ainda em actividade. Em 1943 é reconhecido com o prémio “Júlio de Castilho” pela obra Os Paços dos Duques de Bragança em Lisboa, e no mesmo ano ingressa na Comissão Municipal de Toponímia.


Manuel Fialho Silva


Em Gabinete de Estudos Olisiponenses. Em linha.

Disponível em http://geo.cm-lisboa.pt/index.php?id=4247

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